Jornalista brasileiro se desculpa por dizer que seu país precisaria matar seus judeus para igualar a riqueza da Alemanha

José Carlos Bernardi fala no programa brasileiro “Jornal Da Manhã” em 16 de novembro de 2021. (Jovem Pan)

Um jornalista que trabalha para uma das maiores emissoras do Brasil se desculpou por dizer na TV na quarta-feira que a única maneira de seu país igualar a riqueza da Alemanha é matando seus judeus.

José Carlos Bernardi, analista da Jovem Pan, uma emissora de rádio e televisão de direita, fez os comentários em uma discussão na terça-feira sobre uma visita do ex-presidente brasileiro Luís Inácio Lula da Silva à Alemanha.

Questionado pela jornalista Amanda Klein como o Brasil poderia alcançar o desenvolvimento econômico da Alemanha, Bernardi respondeu: “Só atacando os judeus chegaremos lá. Se matarmos um zilhão de judeus e nos apropriarmos de seu poder econômico, o Brasil ficará rico. Foi o que aconteceu com a Alemanha depois da guerra.”

Os comentários de Bernardi provocaram protestos de críticos, que o acusaram de incitar à violência e repetir estereótipos anti-semitas sobre judeus e riqueza. Um promotor em São Paulo está investigando a acusação de Bernardi por incitação ao ódio, segundo o jornal brasileiro Jornal do Commercio.

Em um comunicado, Bernardi disse que “se desculpou pelos comentários infelizes” que fez, dizendo que sua intenção era abordar e destacar a injustiça feita aos judeus pela Alemanha, em vez de recomendá-la como um curso de ação.

A Jovem Pan também se desculpou pelos comentários. A rede não respondeu às chamadas para demitir Bernardi.

O parlamentar de direita do parlamento paulista, Antônio Campos Machado, disse que seu gabinete rescindiu o contrato com Bernardi, que prestava consultoria à Campos Machado. “Não há mais condições” para empregar Bernardi, escreveu Campos Machado.

CONIB, o grupo guarda-chuva das comunidades judaicas brasileiras, em um comunicado disse que os comentários de Bernardi causaram “angústia e dor” a muitos judeus e reiterou sua posição contra a comparação de questões políticas contemporâneas com o Holocausto.


Publicado em 21/11/2021 20h46

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