Israel assinará um acordo de paz com o Sudão no final deste ano em Washington, anunciou o ministro das Relações Exteriores de Israel, Eli Cohen, na quinta-feira. Ele confirmou os rumores de que fez uma “visita diplomática histórica” a Cartum no início do dia. Lá, ele se encontrou com o general Abdel-Fattah Al-Burhan, líder do governo de transição do Sudão.
“A visita de hoje ao Sudão estabelece as bases para um acordo de paz histórico com um país árabe e muçulmano estratégico”, disse Cohen ao retornar a Israel. “O acordo de paz entre Israel e o Sudão promoverá a estabilidade regional e contribuirá para a segurança nacional do Estado de Israel.”
Durante a visita, os dois funcionários discutiram os passos necessários para assinar um tratado de paz em um futuro próximo, após a finalização do governo civil do Sudão. Israel transmitiu ao Sudão sua intenção de ajudar em áreas que incluem segurança alimentar, gestão de recursos hídricos e agricultura.
Em Cartum, Cohen apresentou um programa de ajuda focado em bens humanitários, purificação de água e necessidades médicas.
Localizado no Mar Vermelho, o Sudão é o terceiro maior país da África, com cerca de 47 milhões de habitantes. Ele se opôs a Israel por décadas e lutou ao lado dos países árabes durante a Guerra de Independência de Israel em 1948 e a Guerra dos Seis Dias em 1967. Ele facilitou a transferência de armas para o Hamas e sediou a cúpula da Liga Árabe em 1968, que ratificou os infames “três nãos”: para paz com Israel, reconhecimento de Israel e negociações com Israel.
Agora, Cartum e Jerusalém parecem estar construindo uma nova realidade, “na qual os ‘três nãos’ se tornam os ‘três sims'”, disse Cohen. “Sim às negociações entre Israel e o Sudão, sim ao reconhecimento de Israel e sim à paz entre os Estados e entre os povos.”
Cartum concordou pela primeira vez em normalizar as relações com Israel em outubro de 2020 sob o governo Trump, em troca de Washington remover o Sudão de sua lista de estados patrocinadores do terrorismo. Em janeiro de 2021, tornou-se o quarto país a assinar os Acordos de Abraham.
Os Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Marrocos também aderiram aos acordos, embora o desenvolvimento atual com o Sudão esteja sendo anunciado como um acordo de paz no estilo daqueles forjados entre Israel e Egito (1979) e Jordânia (1994).
Cohen disse que a assinatura de um acordo de paz com o Sudão ajudará Israel a estabelecer relações com outros países africanos e fortalecer os laços existentes.
“Israel tem sido um parceiro significativo por muitos anos nos processos de desenvolvimento desses países e no enfrentamento das consequências das mudanças climáticas e dos desafios econômicos na África”, afirmou.
Publicado em 03/02/2023 21h09
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