Estudo revela que os morcegos experimentam perda auditiva relacionada à idade, mas em um ritmo mais lento do que os humanos.
Os morcegos são bem conhecidos por sua audição aguçada, sendo capazes de navegar e caçar no escuro, avaliando sinais sonoros e ecos. Mas um novo estudo revelou pela primeira vez que os morcegos sofrem de perda auditiva relacionada à idade.
Um estudo realizado por uma equipe de pesquisadores da Universidade de Tel Aviv descobriu que a perda auditiva ocorre em morcegos, porém em um ritmo mais lento em comparação com humanos e outros mamíferos. As descobertas desafiam as suposições científicas predominantes de que os morcegos eram imunes à perda auditiva relacionada à idade.
Mas a pesquisa conduzida pelo estudante de doutorado Yifat Tarnovsky, da Universidade de Tel Aviv, em colaboração com uma equipe liderada pelos professores da TAU, Yossi Yovel e Karen Avraham, derruba essa crença. Suas descobertas foram publicadas recentemente na Life Science Alliance, revisada por pares.
Os pesquisadores esperam que a compreensão dessas adaptações possa fornecer novos insights sobre os mecanismos da perda auditiva relacionada à idade em humanos.
“A taxa relativamente lenta de perda auditiva relacionada à idade (semelhante à taxa em humanos), apesar da exposição ao longo da vida a níveis muito altos de ruído, pode indicar que os morcegos desenvolveram adaptações especiais para lidar com ambientes ruidosos”, disse Yovel.
O estudo se concentrou em morcegos frugívoros selvagens egípcios, uma espécie conhecida por sua dependência da ecolocalização para navegar em seu ambiente.
A ecolocalização é uma técnica usada por animais para determinar a localização de obstáculos, objetos, amigos, inimigos e presas, analisando o som refletido. Os morcegos são mais conhecidos pela ecolocalização, mas baleias, golfinhos e certas espécies de pássaros também possuem essa habilidade.
Usando o acúmulo de metilação do DNA para determinar a idade dos morcegos, os pesquisadores realizaram testes de resposta auditiva do tronco cerebral para avaliar suas habilidades auditivas. Os achados demonstraram inequivocamente perda auditiva relacionada à idade, com deterioração mais pronunciada em frequências mais altas – semelhante ao padrão observado em humanos.
Investigações posteriores indicaram que a estrutura e função da cóclea, bem como o processamento mais lento do nervo auditivo, contribuíram para a perda auditiva dos morcegos. Essa deterioração tem implicações potenciais para as capacidades de ecolocalização dos morcegos, vitais para sua sobrevivência. Em morcegos com visão comprometida, que dependem muito da ecolocalização, a perda auditiva pode afetar significativamente sua capacidade de navegar e realizar tarefas essenciais.
Os pesquisadores postulam que um fator que contribui para a perda auditiva em morcegos egípcios pode ser a exposição cumulativa a altos níveis de ruído dentro de sua colônia. Esses morcegos vivem em grandes colônias e empregam vocalizações sociais altas para comunicação. Surpreendentemente, o estudo revelou que o ruído mais alto em seu ambiente ocorreu em baixas frequências, enquanto a perda auditiva afetou predominantemente as altas frequências.
Yovel sugeriu que a taxa relativamente lenta de perda auditiva relacionada à idade, apesar da exposição ao longo da vida a altos níveis de ruído, indica que os morcegos desenvolveram adaptações especiais para lidar com o ambiente ruidoso. Compreender essas adaptações pode abrir novos caminhos para pesquisas e possíveis intervenções para os seres humanos.
Publicado em 20/06/2023 13h25
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