Israel pode confiar na liderança da Síria? A crise dos drusos testa novas relações

Pessoas se reúnem perto da linha de cessar-fogo entre as Colinas de Golã ocupadas por Israel e a Síria, em meio ao conflito em curso nas áreas drusas da Síria, em Majdal Shams, 16 de julho de 2025 (crédito da foto: REUTERS/AMMAR AWAD)

#Julani 

A crise envolvendo a comunidade drusa no sul da Síria está criando um grande obstáculo para uma possível cooperação entre Israel e o líder sírio Ahmad al-Sharaa, mais conhecido como Abu Muhammad al-Julani

Especialistas afirmam que, mesmo que os drusos sírios não apoiem Israel, o país tem a obrigação de protegê-los contra ameaças de grupos perigosos dentro do governo de Julani.

Conflito com os drusos desafia a confiança em Julani

Em entrevista ao jornal Maariv, o professor Amatzia Baram, especialista em Oriente Médio da Universidade de Haifa, explicou que Israel quer estabelecer laços com o governo sírio, mas isso entra em conflito com a necessidade de proteger os drusos. “As conversas sobre cooperação em segurança entre Israel e a Síria estão enfrentando um grande problema: a questão dos drusos”, disse Baram.

O conflito começou quando forças do governo sírio atacaram comunidades drusas em al-Sweida e na região de Jabal al-Druze. O que era uma disputa local entre beduínos e drusos virou um teste estratégico maior. Agora, a grande pergunta é: Israel pode confiar na nova liderança da Síria?

Baram destacou que Julani quer se aproximar do Ocidente, incluindo Israel, para reconstruir a economia síria, que está devastada. Antes da crise, havia uma chance real de cooperação, principalmente contra o grupo Hezbollah. “Julani tenta parecer um líder moderado, mas a realidade no terreno é muito diferente”, afirmou Baram.

O líder de fato da Síria, Ahmed al-Sharaa, também conhecido como Abu Mohammed al-Julani, é visto em Damasco, Síria, em 23 de dezembro de 2024. (crédito: AMMAR AWAD/REUTERS)

Por que os drusos estão em conflito?

O problema central é que os drusos se recusam a entregar suas armas leves e médias ao governo sírio e não querem forças armadas do regime em suas áreas, como em Sweida. “O governo quer controle total, mas até agora evitou impor isso à força. Porém, com ataques recentes de beduínos e outros grupos sunitas contra os drusos, Julani – ou seus generais – pode ter visto uma oportunidade para dominar as cidades drusas”, explicou Baram.

Ele também levantou dúvidas sobre quem realmente está no comando. “Mesmo que Julani não seja um jihadista – e isso ainda não está claro “, ele está cercado por eles, incluindo comandantes importantes. Será que algumas tropas agiram sem a aprovação dele? O escritório de Julani disse que ele é contra atacar civis e prometeu punir os responsáveis, mas não afirmou que ele se opõe à ação militar em si. E não se enviam forças armadas tão longe sem o envolvimento do alto comando sírio.”

Baram questionou: “Quem deu a ordem? Foi Julani ou seus comandantes agiram sozinhos? Se foi sem a ordem dele, isso mostra que ele não controla suas forças. Ou talvez ele tenha enviado tropas para acabar com os confrontos, mas seus soldados jihadistas aproveitaram para atacar os drusos. Todas essas possibilidades são preocupantes.”

Os drusos e a obrigação de Israel

Baram destacou que os drusos sempre foram parte importante da sociedade síria e lutaram ao lado do ex-presidente Assad contra Israel em guerras passadas, porque se veem como sírios. Porém, após a queda de Assad, eles ficaram vulneráveis a ameaças de grupos sunitas, como beduínos e membros do Estado Islâmico (ISIS).

A Síria está dividida: Julani tem pouco controle na região costeira alauita, no norte controlado pela Turquia e na zona curda no nordeste. A região desértica que vai do sul do rio Eufrates até a fronteira com a Jordânia, incluindo Sweida, é um lugar caótico, com vários grupos armados. Como os drusos não têm grande força militar, o regime pode ter visto uma chance de impor seu controle sobre eles.

O dilema de Israel

Israel enfrenta um dilema. Por um lado, quer cooperar com Julani contra inimigos comuns, como o Hezbollah. Por outro, tem uma obrigação moral com os drusos – não porque eles sejam pró-Israel (muitos não são), mas porque os drusos de Israel, que servem no exército e são cidadãos leais, esperam que o país proteja seus irmãos na Síria.

Baram alertou que extremistas islâmicos, como o ISIS, veem os drusos, alauitas e xiitas como traidores do Islã, o que os torna alvos de violência. “Os drusos e alauitas são comunidades pequenas e mais vulneráveis”, disse ele.

Embora um cessar-fogo tenha sido anunciado na quarta-feira, com a retirada do exército sírio, Baram acredita que o perigo continua. “Cessar-fogos na nossa região são apenas uma sugestão”, afirmou.

Possíveis soluções

Baram sugeriu que uma solução seria dar aos drusos uma autonomia limitada. Por exemplo, o exército sírio poderia sair de Sweida, mas a polícia do regime, com armas leves, poderia patrulhar a área. Jovens drusos locais poderiam se voluntariar para essa polícia, usando uniformes sírios para simbolizar união, mas garantindo a segurança de sua comunidade.

Ele também defendeu pressão diplomática, sugerindo que o governo dos Estados Unidos, sob Donald Trump, ameace novas sanções contra a Síria se Julani não mudar sua abordagem. “A questão econômica é muito importante para ele”, disse Baram.

Desafios para o futuro

A crise mostra como é difícil para Israel equilibrar a busca por acordos de segurança com a Síria e sua obrigação de proteger os drusos. Baram questionou: “Israel deve continuar tentando se aproximar de Julani ou vê-lo como uma ameaça, como um “Sinwar sírio””? (referência a um líder do Hamas).

As respostas a essas perguntas afetarão não apenas os drusos e o regime de Julani, mas também a posição moral e diplomática de Israel e a estabilidade de toda a região.


Publicado em 17/07/2025 05h32


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Texto adaptado por IA (Grok) do original. Imagens de bibliotecas de imagens ou origem na legenda.


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