Líder austríaco: ´Devemos lutar não apenas contra o terrorismo, mas também contra a ideologia por trás dele´

O chanceler da Áustria, Sebastian Kurz, fala no Fórum Global do Comitê Judaico Americano no Centro de Convenções de Jerusalém em 11 de junho de 2018. Foto: Yonatan Sindel / Flash90.

O chanceler austríaco Sebastian Kurz teve dias longos e difíceis desde a formação de seu segundo governo no início de janeiro deste ano.

Pouco depois de formar uma coalizão que estabeleceu um precedente na Europa – entre seu próprio partido conservador e o Partido Verde da Áustria – o COVID-19 atingiu o país. Agora está de volta, pior, exigindo uma paralisação nacional.

Na noite de segunda-feira, pouco antes do início do bloqueio, um ataque terrorista islâmico foi realizado no coração da histórica Viena, que terminou com pelo menos quatro mortos e cerca de 20 feridos, alguns gravemente. Apesar da situação de emergência, e sob a sombra de uma investigação em andamento para determinar se o terrorista, que foi morto, estava operando sozinho ou fazia parte de uma célula, o chanceler na terça-feira encontrou tempo para dar uma entrevista a Israel Hayom.

“O ataque terrorista em Viena, que é claramente um ataque terrorista islâmico, não é um incidente isolado, mas parte de uma série de muitos ataques realizados contra a Europa”, disse Kurz.

“Este foi um ataque à nossa democracia, aos nossos valores básicos, ao estilo de vida europeu. Não vamos deixar que esses atos terroristas nos ameacem. Vamos caçar qualquer um que emprestou sua mão para este ataque e levá-los à justiça”, ele continuou.

P: Podemos descartar um motivo anti-semita para este ataque?

R: Não podemos descartar a possibilidade de que o ataque tenha sido anti-semita. Sabemos que foi um ataque islâmico. O atacante jurou lealdade ao ISIS e o ataque começou bem na frente de uma sinagoga. Nenhum judeu ficou ferido, mas o ponto de partida do ataque, bem em frente a uma sinagoga, não nos permite descartar um motivo anti-semita.

P: Com base nas informações que você tem atualmente, foi um grupo terrorista por trás disso?

R: Durante toda a noite após o ataque, as forças especiais conduziram buscas de casa em casa e 14 pessoas do círculo de conhecidos do agressor foram presas. Nos próximos dias, saberemos se um grupo maior estava por trás do ataque e com quem ele teve contato. Quero agradecer ao primeiro-ministro [israelense] Benjamin Netanyahu, que não só expressou suas condolências, mas também prometeu a total cooperação das autoridades e serviços de inteligência israelenses.

P: O agressor foi preso por tentar ingressar no Estado Islâmico. Você acha que foi certo encurtar a pena de prisão do agressor?

R: Agora precisamos verificar o que aconteceu.

P: O presidente da França Emmanuel Macron está se preparando para lutar contra o Islã político em seu país. Devem todos os E.U. adotar e implementar esse plano?

R: … É importante não só combater o terrorismo, mas também a ideologia por trás do terrorismo. Devemos lutar contra o Islã político, ou Islã radical, que é uma ideologia de ódio profundo por nosso estilo de vida livre.

P: Até que ponto a Áustria e Israel estão trabalhando juntos na luta contra o terrorismo?

R: Temos uma grande cooperação a nível político e também com várias autoridades. Estou muito grato pelo apoio que Israel nos dá nesta área, e por colocar seu conhecimento sobre o assunto à nossa disposição.

P: O que você vê como uma ameaça maior: terrorismo islâmico ou COVID?

R: A pandemia COVID é um enorme desafio para todo o mundo, incluindo as nações da Europa. Para nós, na Áustria, esse é o problema principal há meses. A pandemia causou uma crise econômica em muitos países. Mas, neste momento, nossos pensamentos estão com as vítimas do ataque, e faremos de tudo para encontrar e capturar aqueles que estavam por trás dele e puni-los.

P: Muitos vêem a eleição presidencial dos EUA desta semana como fatídica para o mundo. O que isso significa para você?

R: Os resultados das eleições democráticas são sempre importantes e, quanto maiores as democracias, mais importantes elas são para o resto do mundo. Mas agora, na Áustria, temos preocupações maiores e vamos nos concentrar nelas.


Publicado em 05/11/2020 14h18

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