
Cerâmicas descobertas em Megido, no norte de Israel, indicam presença militar e podem confirmar a batalha entre o rei Josias e o faraó Neco, além de sugerir a narrativa de Gogue e Magogue
Pela primeira vez, uma equipe de arqueólogos israelenses encontrou objetos antigos no sítio de “Armagedom”, no norte de Israel, que podem provar uma grande batalha descrita nos livros bíblicos de Reis II e Crônicas
Essa batalha teria ocorrido entre um rei de Judá e um faraó egípcio.
Dois estudos publicados no início deste ano explicaram que uma quantidade impressionante de cerâmicas egípcias do século VII a.C. foi descoberta em escavações recentes em Megido. Isso sugere que soldados egípcios realmente estiveram no lugar certo e na época certa mencionados na Bíblia.
“Megido é o único lugar em Israel e nos países vizinhos citado tanto na Bíblia quanto em registros importantes do Antigo Oriente Próximo”, explicou o professor Israel Finkelstein, chefe da Escola de Arqueologia da Universidade de Haifa e diretor da Expedição de Megido por muitos anos.
Os livros de 2 Crônicas (capítulos 34-35) e 2 Reis (capítulos 22-23) contam a história de Josias, o 16º rei de Judá. Ele assumiu o trono como um líder temente a Deus, que tentou trazer o povo de Israel de volta a um caminho justo após séculos de idolatria e pecados. Mesmo assim, seus esforços não acalmaram a ira de Deus contra o povo. Quando o faraó egípcio Neco marchou contra os assírios, Josias o enfrentou em Megido, onde acabou sendo morto por Neco (2 Crônicas 35:20-22; 2 Reis 23:29). Os assírios, inimigos do povo de Israel na Bíblia, haviam destruído o reino de Israel no norte (onde fica Megido) no século VIII a.C., cerca de cem anos antes dessa batalha.
“Já se suspeitava há muito tempo que Megido voltou sendo uma fortaleza egípcia no final do século VII a.C., principalmente por causa de um versículo no Livro de Reis que descreve a morte de Josias em Megido pelas mãos de Neco”, disse o doutor Assaf Kleiman, da Universidade Ben-Gurion, que liderou os estudos publicados nas revistas Egypt and the Levant e Scandinavian Journal of the Old Testament.

Além da grande quantidade de cerâmicas egípcias, as escavações também encontraram muitos vasos da Grécia oriental. Comparando esses vasos com outros sítios arqueológicos bem datados, os pesquisadores concluíram que eles chegaram a Megido entre 630 e 610 a.C. – a batalha entre Josias e Neco teria ocorrido em 609 a.C.
Finkelstein e Kleiman acreditam que esses achados podem indicar a presença de mercenários gregos lutando ao lado dos egípcios contra Josias. “Sabemos que havia mercenários gregos a serviço do Egito naquela época, segundo fontes gregas e assírias”, afirmou Finkelstein.
Esses mercenários gregos podem até ter conexões com a Bíblia. “Há pistas na Bíblia de que lídios, da região oeste da Anatólia, participaram da morte de Josias. Uma delas é a história de Gogue. Alguns estudiosos acreditam que Gogue se refere a Giges, rei da Lídia, que, segundo os assírios, enviou mercenários ao exército egípcio no século VII a.C.”, explicou Finkelstein.
Na Bíblia Hebraica, o nome Gogue aparece em dois livros. Em Ezequiel (capítulos 38-39), Gogue é um príncipe da terra de Magogue, inimigo de Israel que será destruído por Deus. Já em Crônicas 5:4, Gogue é um descendente do profeta Joel. No Novo Testamento, Gogue e Magogue são aliados de Satanás na batalha final contra Deus (Apocalipse 20:7-9).
“No Livro do Apocalipse, fala-se de uma batalha final entre as forças de Deus e do mal em Armagedom – que vem do grego “Har Megido”, ou seja, a colina de Megido”, disse Finkelstein. “Talvez a ideia teológica seja que um salvador da linhagem de Davi volte ao lugar onde o último e mais justo rei davídico, Josias, morreu.”
Uma longa história de escavações em Megido
“Megido já foi escavado por quatro expedições desde o início do século XX”, contou Finkelstein. “As escavações antigas não tinham os métodos modernos e, por isso, muitos resultados foram questionados.?
Essa história de escavações destrutivas, feitas com técnicas hoje consideradas ultrapassadas, torna as novas descobertas ainda mais empolgantes.
“Encontrar restos intocados do período assírio em Megido sempre foi uma paixão minha, já que se acreditava que esses restos tinham sido completamente removidos pela expedição do início do século XX”, disse Kleiman.
Em 2016, a equipe finalmente encontrou uma área ideal para estudar esse período fascinante, perto do setor administrativo do sítio. “Nos últimos dois anos, analisei os achados no meu laboratório na Universidade Ben-Gurion do Negev”, contou Kleiman ao jornal The Times of Israel por e-mail.
Na área chamada “Área X”, os arqueólogos descobriram os restos de um prédio do século VII a.C., da época da batalha entre Josias e Neco. O prédio tinha várias salas e um pátio aberto, com muitas cerâmicas.
“As cerâmicas são o achado mais comum em escavações arqueológicas”, explicou Kleiman. “Elas nos dão muitas informações sobre a vida nas sociedades antigas, como seus hábitos culinários, relações comerciais e, em casos específicos, identidades de grupos. Na nossa escavação, encontramos o que parece ser uma casa do final do século VII a.C., com cerâmicas locais e importadas.”
Entre as cerâmicas locais, havia fragmentos de vasos assírios e uma peça de uma panela de Judá (identificada pelo tipo e pela origem da argila, que veio de Moza, perto de Jerusalém).

Um exército marcha com o estômago cheio
Além dos possíveis restos assírios, os pesquisadores encontraram mais de 100 peças de cerâmica egípcia. “Como cerâmicas egípcias da Idade do Ferro tardia nunca tinham sido vistas em Megido antes, no início ficamos surpresos com a quantidade de vasos simples no local”, disse Kleiman. “Mas, pelo formato e pelo uso de palha na fabricação, suspeitamos que eram egípcios. Análises petrográficas, que identificam o local de produção dos objetos, confirmaram isso.”
Segundo os pesquisadores, encontrar tantas cerâmicas egípcias – usadas para servir comida, cozinhar e armazenar – é algo inédito em toda a região do Levante. Além disso, a quantidade de vasos simples e mal queimados sugere que eles não foram trazidos para vender em mercados.
“Pela quantidade de cerâmicas no prédio escavado, e como é improvável que a população local de repente começasse a importar vasos simples do Egito, concluímos que a explicação mais simples é a presença de grupos estrangeiros, talvez uma guarnição egípcia que assumiu Megido após a retirada dos assírios da região”, afirmou Kleiman.
Publicado em 30/03/2025 08h58
Texto adaptado por IA (Grok) do original. Imagens de bibliotecas de imagens ou origem na legenda.
Artigo original:
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