
A Associated Press (AP), uma grande agência de notícias, foi avisada em 2018 que um fotógrafo que trabalhava para ela em Gaza tinha ligações com o Hamas, grupo considerado terrorista por vários países
Na época, a AP já questionava se ele era confiável, mas continuou usando seu trabalho até novembro de 2023, quando cortou laços com ele por causa de polêmicas envolvendo suas fotos do ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. Essas informações vieram à tona por meio de documentos divulgados na terça-feira em um processo judicial nos Estados Unidos.
A AP nega as acusações do processo, chamando-as de “sem fundamento”. A agência diz que as mensagens internas entre seus funcionários foram mal interpretadas e destaca que parou de usar as fotos do fotógrafo, chamado Hassan Eslaiah, logo após o início da guerra. Eslaiah foi ferido em um ataque aéreo de Israel nesta semana, e o Exército israelense afirmou que ele era membro do Hamas.

Sobre o ataque de 7 de outubro
No dia 7 de outubro de 2023, Eslaiah entrou em Israel durante o ataque do Hamas, que causou muitas mortes. Ele fotografou pessoas de Gaza, algumas armadas, invadindo o kibutz Nir Oz, uma das comunidades mais atingidas. Também tirou uma foto de moradores de Gaza em cima de um tanque israelense queimado, perto da cerca destruída na fronteira com Gaza. Um vídeo e fotos mostraram Eslaiah ao lado do tanque, mas ele não usava identificação de imprensa.
Após o ataque, grupos que apoiam Israel acusaram Eslaiah e outros fotógrafos de grandes agências de notícias de saberem do ataque com antecedência, embora não tenham apresentado provas. Uma imagem de 2020 também apareceu, mostrando Eslaiah abraçando Yahya Sinwar, líder do Hamas que já morreu. A AP negou que seus fotógrafos soubessem do ataque antes e anunciou que cortou laços com Eslaiah em novembro de 2023. As fotos dele do dia 7 de outubro foram retiradas do sistema da AP, mas outras imagens suas ainda estão disponíveis.
In the hours following our expose, new material is still coming to light concerning Gazan freelance journalist Hassan Eslaiah whom both AP & CNN used on Oct. 7.
? HonestReporting (@HonestReporting) November 8, 2023
Here he is pictured with Hamas leader and mastermind of the Oct. 7 massacre, Yahya Sinwar. https://t.co/S9pXeIGaFq pic.twitter.com/RmEZU5RsM8
O processo judicial
Em fevereiro de 2024, sobreviventes do ataque do Hamas e familiares de vítimas abriram um processo contra a AP em um tribunal na Flórida, nos EUA. Eles acusam a agência de ter colaborado com o ataque por trabalhar com fotógrafos como Eslaiah, que, segundo eles, tinham laços com terroristas. O grupo que representa os sobreviventes, chamado National Jewish Advocacy Center, disse que a AP estava “financiando e apoiando uma organização terrorista? ao comprar fotos do ataque de 7 de outubro.
O processo alega que a AP sabia das ligações de Eslaiah com o Hamas há anos e ignorou isso. “A AP deveria ter percebido, com uma simples investigação, que estava pagando pessoas ligadas ao Hamas, que apoiavam o terrorismo e participaram do ataque que também documentaram”, diz o documento. Eles argumentam que as conexões de Eslaiah com o Hamas permitiram que ele tivesse acesso para fotografar o ataque.
A AP chamou o processo de “sem fundamento? e disse que nenhum de seus fotógrafos sabia do ataque com antecedência.

Documentos de 2018 mostram preocupações da AP
Os documentos divulgados nesta semana mostram que, em 2018, funcionários da AP foram avisados sobre as ligações de Eslaiah com o Hamas e questionaram se ele era confiável. Naquele ano, a organização CAMERA, que monitora a cobertura da mídia sobre Israel, perguntou à AP sobre uma notícia que citava Eslaiah. A matéria falava sobre o tiro que matou um menino em Gaza, atribuído a Israel, e usava informações de Eslaiah para confirmar dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. A CAMERA disse que Eslaiah trabalhava para a Quds TV, uma emissora ligada ao Hamas, e que ele apoiava o terrorismo em suas redes sociais.
“Me disseram que ele é independente e confiável, e não do Hamas”, respondeu um funcionário da AP. Mas, após a CAMERA enviar mais informações, outro funcionário perguntou: “Eles mandaram um arquivo sobre o jornalista que citamos, dizendo que ele é do Hamas. Isso é verdade? Pensei que você disse que ele era independente”. Outro colega respondeu: “Muitos jornalistas locais não tomam cuidado com o que dizem”. Um funcionário sugeriu evitar chamar alguém da Quds TV de “jornalista independente? e buscar outra fonte para confirmar a notícia.
Os documentos mostram que a AP já tinha dúvidas sobre Eslaiah, mas não há registro de que tenham parado de trabalhar com ele na época.

Discussões internas após o ataque
Mensagens de dezembro de 2023, também reveladas no processo, mostram funcionários da AP discutindo o uso de fotógrafos de Gaza após a polêmica com Eslaiah. “Até resolvermos essa questão do 7 de outubro, não devemos usar imagens dele e de outros três fotógrafos”, disse uma mensagem. Outro funcionário escreveu: “Não podemos usá-lo até isso passar. Por mais que achemos que essas acusações são falsas, isso explodiu”. Um colega resistiu à ideia de cortar laços, mas outro respondeu: “As redes sociais dele são uma bagunça, não tivemos escolha. É uma lição para todos: cuidado com o que postam ou compartilham”.
Os funcionários também negaram uma alegação de Eslaiah, publicada na mídia francesa, de que a AP o mandou ir à fronteira no dia 7 de outubro. “Isso não é verdade”, disseram.
O que Eslaiah postou nas redes sociais?
A CAMERA compartilhou postagens de Eslaiah nas redes sociais no dia 7 de outubro. Ele celebrou o ataque do Hamas, chamando-o de “coisa linda”, descreveu terroristas como “guerreiros? e foguetes como “resistência”, e chamou as vítimas de “colonos”. No processo, há um relato de que, 30 minutos antes do ataque, Eslaiah postou no Telegram: “Acordamos com os grandes presentes de Deus”. Durante o ataque, ele publicou um vídeo com corpos ensanguentados, dizendo: “Deus é grande. Este é o caminho para Jerusalém”.
O que diz a AP?
A AP disse ao jornal The Times of Israel que as mensagens foram mal interpretadas. Segundo a agência, os emails de 2018 eram apenas sobre uma reclamação por citar Eslaiah em uma notícia, e a informação dele foi confirmada como correta. Sobre as mensagens de 2023, a AP disse que mostram jornalistas preocupados com a cobertura de notícias importantes após serem orientados a parar de usar fotos de alguns freelancers. A agência destacou que parou de aceitar fotos de Eslaiah há um ano e meio e que investiga reclamações como essa.
Outros detalhes
Autoridades israelenses também acusaram Eslaiah de ser do Hamas após o ataque aéreo que o feriu. Segundo o Exército de Israel, ele fazia parte de uma brigada do Hamas e trabalhava como jornalista para disfarçar. A AP e a Reuters, outra agência de notícias, também enfrentam um processo em Israel pelo uso de fotógrafos no dia 7 de outubro. A Reuters parou de usar fotos de Eslaiah recentemente.
Grupos que defendem Israel há anos acusam a imprensa internacional de trabalhar com jornalistas em Gaza que têm laços com o Hamas, escondendo essas conexões e usando profissionais com viés.
Publicado em 11/04/2025 02h40
Texto adaptado por IA (Grok) do original. Imagens de bibliotecas de imagens ou origem na legenda.
Artigo original:
Geoprocessamento Sistemas para drones HPC |
![]() | Sistemas ERP e CRM Sistemas mobile IA |