Israel critica atracação perigosa de dois navios de guerra iranianos no Brasil

O navio militar iraniano Iris Makran navega na costa do Rio de Janeiro enquanto uma bandeira brasileira tremula na praia de Copacabana, Brasil, em 27 de fevereiro de 2023.

(crédito da foto: REUTERS/RICARDO MORAES)


#Iraniano 

Dois navios de guerra iranianos atracaram no Rio de Janeiro no domingo, depois que o Brasil concedeu permissão, apesar da pressão dos EUA para impedi-los.

Israel alertou o Brasil de que era perigoso permitir que dois navios de guerra iranianos atracassem no Rio de Janeiro, observando que a presença deles no sul do Oceano Atlântico era um “desenvolvimento perigoso e lamentável”.

“Ainda não é tarde demais para ordenar que os navios deixem o porto”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores na quinta-feira em um comunicado conciso.

Os navios fazem parte da marinha iraniana que trabalha com a frota da Guarda Revolucionária Islâmica, que é uma entidade terrorista designada pelos Estados Unidos, disse o Ministério das Relações Exteriores.

O governo Biden emitiu sanções específicas contra os navios e sua localização geográfica na América Latina os coloca a apenas um continente de distância da costa dos Estados Unidos.

O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Ned Price, disse na quarta-feira que o governo Biden queria garantir que o “IRGC – que o Irã de maneira mais ampla não seja capaz de adquirir uma posição, não seja capaz de tirar vantagem de outros neste hemisfério”.

Navio militar iraniano Iris Dena é atracado no porto do Rio de Janeiro, Brasil, 28 de fevereiro de 2023 (crédito: REUTERS/RICARDO MORAES)

“Certamente não é o caso que o governo brasileiro ou o povo brasileiro gostariam de fazer qualquer coisa que, por sua vez, ajudasse um governo, um regime que é responsável por uma brutal repressão e repressão violenta contra seu próprio povo”, disse. disse Price.

Autoridades israelenses a caminho de Washington

O conselheiro de Segurança Nacional de Israel, Tzachi Hanegbi, e o ministro de Assuntos Estratégicos, Ron Dermer, devem viajar a Washington na próxima semana para discutir o Irã com o governo Biden.

A viagem, que foi relatada pela primeira vez pela organização de notícias israelense Walla, ocorre antes da reunião do conselho da Agência Internacional de Energia Atômica em Viena em 6 de março, órgão em que os EUA ocupam um dos 35 assentos.

Israel tem se unido cada vez mais a seus aliados ocidentais, particularmente os Estados Unidos, por causa de sua preocupação conjunta com a execução iraniana de manifestantes de rua e o enriquecimento de urânio de Teerã em 84%, o que está próximo dos 90% necessários para a produção nuclear de armas.

O chefe da AIEA, Rafael Grossi, deve visitar o Irã na sexta-feira, de acordo com a agência de notícias semioficial Fars, para explorar os relatórios sobre urânio enriquecido.

O governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu tornou uma prioridade interromper o programa nuclear do Irã e pressionou em particular para influenciar os países a seguirem o exemplo dos EUA em designar o IRGC como uma entidade terrorista.

Ao se pronunciar sobre a atracação dos navios iranianos na quinta-feira, o Itamaraty disse: “O Brasil não deve conceder nenhum prêmio a um Estado maligno, responsável por inúmeras violações de direitos humanos contra seus próprios cidadãos, executando ataques terroristas em todo o mundo e proliferação de armas para organizações terroristas em todo o Oriente Médio.

“O regime iraniano executou dezenas de ataques terroristas contra navios, colocando em perigo a liberdade de navegação marítima. Dois dos ataques ocorreram nas últimas semanas”, afirmou.

“Este é o momento de seguir os passos dados pela UE, EUA, Canadá, Austrália, Japão e muitos outros países, e destacar o regime iraniano como o que realmente é: uma entidade terrorista”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores.

Lula concede permissão para atracação de navios de guerra do Irã

O governo do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva havia concedido permissão para os navios atracarem, apesar da pressão dos Estados Unidos para impedi-los.

Os navios de guerra IRIS Makran e IRIS Dena chegaram na manhã de domingo, informou a autoridade portuária do Rio em comunicado.

A Reuters informou no início deste mês que o Brasil cedeu à pressão dos EUA e recusou o pedido do Irã para que os navios atracassem no Rio no final de janeiro, em um gesto de Lula quando ele voou para Washington para se encontrar com o presidente dos EUA, Joe Biden.

No entanto, com a viagem de Lula encerrada, os navios foram liberados para atracar. O vice-almirante Carlos Eduardo Horta Arentz, subchefe do Estado-Maior da Marinha do Brasil, autorizou a atracação dos navios no Rio entre 26 de fevereiro e 4 de março, segundo nota publicada em 23 de fevereiro no Diário Oficial da União.

A Embaixada dos EUA em Brasília não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Marinha do Brasil autoriza uma embarcação estrangeira a atracar no Brasil, mas somente após autorização do Itamaraty, que leva em consideração o pedido e a logística da embaixada solicitante.

A presença dos navios de guerra iranianos na costa brasileira continua a incomodar os Estados Unidos, que buscam estreitar os laços com o governo Lula, que assumiu em 1º de janeiro.

Em entrevista coletiva em 15 de fevereiro, a embaixadora dos Estados Unidos, Elizabeth Bagley, pediu ao Brasil que não permitisse a atracação dos navios.

“No passado, esses navios facilitavam o comércio ilegal e atividades terroristas, e também foram sancionados pelos Estados Unidos. O Brasil é uma nação soberana, mas acreditamos firmemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum”, disse ela.

A diplomacia com o Irã foi um dos destaques das tentativas de Lula de fortalecer a posição internacional do Brasil durante seus mandatos presidenciais anteriores. Ele viajou para Teerã para se encontrar com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad em 2010, quando ele buscava intermediar um acordo nuclear entre o Irã e os Estados Unidos.


Publicado em 02/03/2023 19h54

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