Biden defende encontro com sauditas ‘párias’ após protestos de legisladores liberais

O vice-presidente Joe Biden se encontra com o rei Salman bin Abdel-Aziz em Riad, 27 de outubro de 2011. (AP/Hassan Ammar)

Biden foi criticado como um “traidor” por visitar Riad depois de prometer fazer dos “direitos humanos o centro de sua política externa”.

O presidente Joe Biden defendeu na sexta-feira uma próxima reunião com Mohammed bin Salman, da Arábia Saudita, depois de ser criticado por parlamentares democratas, dizendo que era parte de uma “reunião internacional” mais ampla.

Biden tem andado na corda bamba desde que pareceu renegar uma promessa de campanha de condenar Riad como um estado “pária” depois que os EUA concluíram que o príncipe herdeiro saudita, também conhecido como MBS, orquestrou o assassinato do jornalista do Washington Post Jamal Khashoggi em 2018.

Mas o aumento dos preços da gasolina torpedeou um pouco essa promessa, e muitos legisladores e defensores dos direitos humanos criticaram o presidente por “se vender” e fazer propostas ao reino do Golfo em uma tentativa de aumentar a produção de petróleo.

Biden foi acusado por grupos de direitos humanos de “trair” sua promessa de tornar “os direitos humanos o centro de sua política externa”.

“A visita será vista como uma vitória total e um endosso da Arábia Saudita”, disse Agnès Callamard, secretária-geral da Anistia Internacional, ao jornal Guardian.

Abdullah Alaoudh, do think tank Democracy for the Arab World Now, disse ao jornal que Biden foi “francamente estúpido” por visitar o reino do Golfo.

“Pouco antes da posse, ele [Biden] disse que certamente protegerá os dissidentes sauditas – essas foram suas palavras. Não estamos protegidos por alguém apertando a mão da mesma pessoa que está nos ameaçando todos os dias e fazendo nossas famílias reféns devido ao nosso ativismo aqui nos EUA”, disse ele.

Biden foi evasivo quando perguntado por um repórter como ele vai lidar com o tema da morte de Khashoggi.

“Eu não vou me encontrar com MBS. Vou a uma reunião internacional e ele fará parte disso”, disse Biden, segundo a agência de notícias Reuters.

O rei Salman convidou Biden a Riad junto com oito chefes de Estado adicionais para a Cúpula do GCC+3, disse o Conselho de Segurança Nacional em comunicado.

Os EUA também estão trabalhando para encorajar os Estados do Golfo a se juntarem à condenação de Moscou, disse a Reuters. Os estados do Golfo mantiveram até agora uma política de neutralidade.

Em entrevista ao World Israel News, o ex-embaixador dos EUA em Israel David Friedman denunciou a hipocrisia de Biden em mudar sua atitude com os sauditas, acrescentando que foi um erro rebaixar os laços em primeiro lugar.

“Biden deveria ter aproveitado o progresso que fizemos e dado mais passos nesse caminho”, disse ele, referindo-se aos laços estreitos que o governo Trump estabeleceu com o reino do Golfo.

“Agora ele está tentando reduzir a gasolina para menos de US$ 4 o galão antes das eleições [de meio de mandato] – mas essa não é a razão certa para abraçar a Arábia Saudita”, disse ele.


Publicado em 21/06/2022 08h33

Artigo original: