A vitória israelense em Gaza depende da entrada das IDF em Rafah, diz Netanyahu

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu fala em 11 de fevereiro de 2024 (crédito da foto: AMOS BEN-GERSHOM/GPO)

#Rafah 

A ONU, a UE, o Reino Unido, a Alemanha, a Irlanda, os EUA e a Jordânia manifestaram-se todos contra tal operação.

Uma vitória israelense em Gaza depende de uma operação militar em Rafah para destruir as operações do Hamas lá, disse o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu à ABC enquanto resistia à pressão internacional para se abster de tal medida.

“Aqueles que dizem que em nenhuma circunstância devemos entrar em Rafah estão basicamente a dizer: percam a guerra, mantenham o Hamas lá”, disse Netanyahu à rede norte-americana, num excerto de uma entrevista sendo publicada no seu programa de domingo This Week.

Netanyahu falando à rede ABC

“Vamos colocar os restantes batalhões terroristas do Hamas em Rafah, que é o último bastião, mas vamos fazê-lo, e nisso, concordo com os americanos, ao mesmo tempo que proporcionamos passagem segura à população civil para que possam pode sair”, afirmou Netanyahu.

Israel, disse ele, está “elaborando um plano detalhado para fazer isso”.

“Isto faz parte do nosso esforço de guerra para tirar os civis de perigo; faz parte do esforço do Hamas para mantê-los em perigo”, observou ele.

“A vitória está ao nosso alcance”, sublinhou Netanyahu.

O secretário de Estado, Antony Blinken, reúne-se com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em 6 de fevereiro de 2024 (crédito: AMOS BEN-GERSHOM/GPO)

Os aliados de Israel apelaram a Israel para não entrar em Rafah, citando preocupações humanitárias

Os aliados de Israel apelaram a Netanyahu para não avançar com a operação, dado que mais de 1,3 milhões de palestinos estão em Rafah. Muitos deles fugiram para a cidade do sul, que faz fronteira com o Egito, para escapar aos bombardeamentos israelenses no norte.

A ONU, a UE, o Reino Unido, a Alemanha, a Irlanda, os EUA e a Jordânia manifestaram-se todos contra tal operação.

O secretário de Relações Exteriores britânico, David Cameron, postou no X que estava “profundamente preocupado com a perspectiva de uma ofensiva militar em Rafah – mais de metade da população de Gaza está abrigada na área.

“A prioridade deve ser uma pausa imediata nos combates para obter ajuda e retirar os reféns, e depois avançar para um cessar-fogo sustentável e permanente”, acrescentou.

A Embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Linda Thomas-Greenfield, disse à Rádio Pública Nacional no sábado à noite que “fomos absolutamente claros que, nas atuais circunstâncias em Rafah, uma operação militar agora naquela área não pode prosseguir.

“Isso agravaria dramaticamente a emergência humanitária que todos procuramos aliviar neste momento. Israel tem a obrigação de garantir que os civis, que a população civil [de Gaza] esteja segura e protegida e que tenha acesso à ajuda humanitária e aos serviços básicos.

Um menino sentado ao lado de roupas penduradas, enquanto palestinos deslocados, que fugiram de suas casas devido aos ataques israelenses, se abrigam na fronteira com o Egito, em Rafah, no sul da Faixa de Gaza, em 8 de fevereiro de 2024. (crédito: REUTERS/IBRAHEEM ABU MUSTAFA )

“E acho que você ouviu o secretário, [Antony Blinken], fazer essas declarações claramente durante suas reuniões e em seus compromissos com a imprensa quando esteve lá”, disse ela.

O Egito, segundo o Wall Street Journal, alertou Israel que uma ação militar em Rafah poderia pôr em risco o tratado de paz de 1979 entre os dois países.

Numa entrevista à Rádio Israel, o ministro da Agricultura, Avi Dichter (Likud), disse que o Cairo não teve voz no que aconteceu em Rafah, que ficava perto da fronteira do Egito com Gaza.

“O Egito tem muito a dizer até ao Corredor Filadélfia”, disse Dicter, ao explicar que o seu tratado com Israel lhe dá informações sobre as ações que ocorrem entre a sua fronteira e aquela zona tampão, mas não em Rafah, que fica em Gaza.

“O Egito não tem voz sobre o que acontece com Rafah”, disse Dicter.

Mais precisamente, disse ele, Israel queria colocar Gaza, certamente Rafah, dentro das fronteiras do Egito, quando negociou esse tratado, mas “o Egito não concordou em aceitar a Faixa de Gaza ou parte dela”.


Publicado em 11/02/2024 18h11

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