Biden vai ´tornar Abbas grande novamente´, diz analista israelense

O então vice-presidente Joe Biden (1) com o presidente palestino Mahmoud Abbas em Ramallah, 10 de março de 2010. (AP / Tara Todras-Whitehill)

O observador de assuntos árabes disse que embora Biden apoie a solução de dois Estados e o acordo nuclear com o Irã, ele não terá pressa em reiniciar as negociações de paz.

“Veremos uma série de processos para, digamos, ‘tornar Abbas grande novamente’ – revitalizá-lo, dar-lhe vida”, disse Shimrit Meir, um observador dos assuntos árabes, sobre os esforços do presidente eleito Joe Biden em nome do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

Um dos objetivos pode ser criar uma situação em que o líder palestino Mahmoud Abbas seja “capaz de deixar a arena política com dignidade”, disse Meir no domingo em entrevista à Rádio 103 em Tel Aviv.

“Abbas precisa de uma oportunidade para deixar a arena política, para terminar sua jornada com dignidade e não tão espancado e machucado, e como aquele que trouxe a questão palestina à sua situação estratégica mais difícil de todos os tempos”, disse Meir.

“Essa respiração artificial é algo que o novo governo dos EUA pode dar” para manter a Autoridade Palestina em funcionamento, pois está desmoronando sob a liderança de Abbas.

A política de Biden é a solução de dois Estados e ele tentará renovar os laços com os iranianos, mas não há muita chance de reiniciar as conversações entre israelenses e palestinos em um futuro próximo, acredita ela.

“Acho que, na questão de tomar medidas reais, é preciso realmente procurar problemas quando, de todas as coisas que a [nova] administração dos Estados Unidos pode e deve fazer imediatamente, seria lançar negociações entre Israel e os palestinos quando não há viabilidade [de isso acontecer] de ambos os lados”, disse Meir.

“Veremos de fato uma série de medidas americanas para trazer de volta ajuda econômica [aos palestinos], abrindo um consulado americano em Jerusalém Oriental que poderia ser uma fonte de conflito com o governo israelense, e poderia haver um convite de um representante palestino para visitar Washington,” ela continuou.

Meir disse que Abbas fez uma grande aposta ao assumir uma posição rejeicionista com o governo Trump, apesar da tremenda pressão do lado árabe, culminando com os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein fazendo tratados de paz separados com Israel.

De acordo com Meir, Abbas, que fará 85 anos na próxima semana e não tem sucessor, agora pode dizer ao público palestino que tudo o que ele disse a eles todos esses anos sobre permanecer firme contra Trump deveria se tornar realidade em oito anos, mas se tornou realidade depois apenas quatro anos e o líder da AP deve receber crédito por isso.

Meir também apontou que a Arábia Saudita pode ter grandes problemas com o governo Biden, dizendo que os sauditas ainda não saudaram a vitória projetada de Biden por vários motivos.

“Os sauditas ainda não parabenizaram [Biden] por causa de sua gratidão a Trump. Eles estão com grandes problemas em Washington”, disse Meir. “A ala esquerda do Partido Democrata exigirá lidar com a guerra no Iêmen e um embargo de armas na Arábia Saudita.”

“O próprio Biden falou contra [o príncipe saudita] Mohammed bin Salman, que ainda não é o rei e é muito vulnerável”, disse Meir.


Publicado em 09/11/2020 08h56

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