Andor Stern, reconhecido como o único sobrevivente do Holocausto nascido no Brasil, morre aos 94 anos

Andor Stern, 91, é reconhecido pelo Memorial do Holocausto Brasileiro como o único sobrevivente do Holocausto nascido no Brasil. (Cortesia do Memorial do Holocausto de São Paulo)

Andor Stern, que é reconhecido pelo Memorial do Holocausto Brasileiro como o único sobrevivente do Holocausto nascido no Brasil, morreu em São Paulo na quinta-feira aos 94 anos.

Stern nasceu em São Paulo de pais judeus húngaros em 1928, mas sua família voltou para a Hungria antes da guerra. Stern acabou sendo preso em seis campos de concentração, incluindo Auschwitz, onde passou 13 meses a partir de 1944. Sua mãe e avós foram mortos nas câmaras de gás do campo.

“Vi minha mãe saindo da chaminé. Lembro-me de tudo”, disse Stern em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo. “Fiquei fora do mundo até 1º de maio de 1945, quando fomos libertados pelos soldados americanos. Eu tinha 17 anos e pesava 60 quilos”.

Stern voltou ao Brasil em 1948, casou-se e teve cinco filhas.

Em 2019, Stern comemorou seu bar mitzvah com 78 anos de atraso, aos 91 anos. Cheia de simbolismo, a cerimônia foi realizada na sinagoga mais antiga de São Paulo, Kehilat Israel, no 81º aniversário da Kristallnacht, o pogrom nazista de 1938 na Alemanha e na Áustria que mais marcam como o início do Holocausto.

Ele deixa nove netos e vários bisnetos.

“Mesmo depois de tudo que passou, ele continuou sua vida inspirando a todos com suas palavras positivas e muita fé e otimismo. Ele lutou e fez o seu melhor para perpetuar a memória do Holocausto para as gerações futuras”, disse o rabino Toive Weitman, chefe do memorial do Holocausto em São Paulo, à Agência Telegráfica Judaica.


Publicado em 13/04/2022 10h22

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