Marcha anual do Holocausto enfrenta grande desafio à medida que sobreviventes falecem

Jovens participantes da Marcha dos Vivos no campo de concentração de Auschwitz. Foto de Yossi Zeliger.

“É nosso trabalho garantir que sua voz e sua memória nunca se apaguem”, diz Shmuel Rosenman, presidente da March of the Living.

POLÔNIA – A Marcha Internacional dos Vivos aconteceu na Polônia em 28 de abril, após um hiato de dois anos devido ao COVID-19. Apesar da capacidade de se reunir pessoalmente, os organizadores dizem que agora enfrentam um desafio muito maior.

“A realidade é que a geração de sobreviventes do Holocausto está desaparecendo”, disse Shmuel Rosenman, presidente da organização e um dos fundadores do evento, ao JNS.

A “Marcha dos Vivos” [March of the Living] realiza eventos educacionais durante todo o ano visando combater o antissemitismo. Seu principal evento é uma viagem educacional de uma semana na Polônia que culmina em uma caminhada de 3 km do campo de concentração de Auschwitz ao campo de extermínio de Birkenau, simbolizando as marchas da morte que ocorreram lá em 1945. Yom Hashoah, ou Dia da Lembrança dos Mártires e Heróis do Holocausto, conta com a participação de sobreviventes reais para ajudar a preservar a memória das 6 milhões de vítimas judias do Holocausto.

“É nosso trabalho garantir que sua voz e sua memória nunca se apaguem”, sublinhou Rosenman, lembrando que a realidade é que, este ano, “temos apenas oito sobreviventes capazes de liderar a marcha. A passagem da chama para a próxima geração é uma causa urgente.”

A Marcha dos Vivos fez dessa causa o seu tema central. Seu site adverte: “A cada dia testemunhamos mais sobreviventes do Holocausto morrendo. A cada dia enfrentamos suas histórias tornando-se memórias desbotadas. A cada dia enfrentamos um aumento na distorção e negação do Holocausto. Devemos evitar que a história seja reescrita. Devemos manter vivas as lições do Holocausto. Devemos lutar contra o antissemitismo e todas as formas de ódio”.

Em um comunicado divulgado por sua organização na quarta-feira, Rosenman alertou que “estamos no último grão de areia”.

Juntamente com os sobreviventes, a marcha deste ano será acompanhada por várias delegações, incluindo uma composta por refugiados ucranianos; um composto por vítimas do antissemitismo; e pela primeira vez, uma delegação dos Emirados Árabes Unidos. Também marchará o presidente da Polônia, Andrzej Duda.

Disse Rosenman: “Com a sombra da guerra mais uma vez pairando sobre a Europa, e a Polônia hospedando milhões de refugiados da guerra em curso [na Ucrânia], a participação do presidente Duda presta homenagem à memória das vítimas do Holocausto e servirá como um claro declaração contra os perigos do antissemitismo, ódio, racismo e intolerância”.

Espera-se a participação de cerca de 2.500 pessoas de cerca de 25 países.


Publicado em 30/04/2022 08h45

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