Sudão toma medidas para cancelar boicote a Israel

O ministro da Inteligência, Eli Cohen, com o presidente do Sudão al-Burhan em janeiro de 2020, Cartum.

(crédito da foto: MINISTÉRIO DA INTELIGÊNCIA)


O Sudão assinou no ano passado os Acordos de Abraham sobre a reconciliação regional com Israel, patrocinado pela administração norte-americana do então presidente Donald Trump, e autoridades israelenses visitaram o Sudão.

O Sudão decidiu revogar sua lei que ordena um boicote a Israel em uma votação do gabinete nessa terça-feira.

O gabinete votou pelo cancelamento da lei de 1958, que proibia relações diplomáticas e comerciais com Israel, disse em um comunicado.

A decisão sudanesa ainda precisa da aprovação de uma reunião conjunta do conselho soberano do Sudão e do gabinete, que atua como órgão legislativo provisório do país.

O governo de Cartum também prometeu a Israel que cancelaria uma lei usada para prender migrantes que deixaram o Sudão e depois retornaram, o que abriria a oportunidade para alguns dos 6.200 migrantes sudaneses em Israel retornarem.

O Sudão foi o terceiro de quatro países a aderir aos Acordos de Abraham, os acordos de normalização e paz entre Israel e vários estados árabes e muçulmanos negociados pelo governo do presidente dos Estados Unidos Donald Trump no ano passado.

O ministro da Inteligência, Eli Cohen, que liderou uma recente delegação israelense ao Sudão, saudou a ação de Cartum.

“Este é um passo importante e necessário para a assinatura de um acordo de paz entre os países”, afirmou. “A cooperação entre os países ajudará Israel e o Sudão e contribuirá para a segurança e estabilidade regional.”

Cohen visitou Cartum em janeiro, onde ele e o ministro da Defesa sudanês, Yassin Ibrahim Yassin, assinaram um memorando de entendimento sobre “questões diplomáticas, de segurança e econômicas”, disse o porta-voz de Cohen.

Cohen também se encontrou com o chefe de estado transitório, Abdel Fattah al-Burhan, presidente do Conselho de Soberania do Sudão.

O atual governo de transição do Sudão veio depois que o governante de longa data Omar al-Bashir foi derrubado em 2019, e visa levar o país à democracia.

Cartum enviou tropas para lutar contra Israel na Guerra da Independência e na Guerra dos Seis Dias. Em 1967, após a Guerra dos Seis Dias, sediou uma cúpula da Liga Árabe que publicou a Resolução de Cartum, conhecida como “Três Nos”: Sem paz com Israel; nenhum reconhecimento de Israel; nenhuma negociação com Israel.

O Sudão hospedou a Al-Qaeda e serviu como uma estação intermediária para o Irã contrabandear armas para o Hamas nas últimas décadas. No ano passado, os EUA retiraram a designação do Sudão como Estado patrocinador do terrorismo. Sair da lista negra dos EUA abriu Cartum para mais investimentos estrangeiros e cooperação, que espera reabilitar sua economia.


Publicado em 06/04/2021 21h17

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