Os acampamentos pró-Hamas da USP

Imagem via Agência Brasil

Estudantes da Universidade de São Paulo (USP) se juntaram à onda de protestos nos Estados Unidos e Europa e montaram um acampamento contra a ofensiva israelense na Palestina desde a terça-feira, 7 de maio. O grupo ocupa o prédio de História e Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), na Zona Oeste da capital.

Para o movimento, os convênios da USP com universidades e organizações israelenses, como a “Israel Corner”, ajudam a desenvolver a tecnologia empregada na guerra contra o Hamas. Por isso, os estudantes exigem que a instituição rompa relações acadêmicas com a Universidade de Haifa, em Israel.

O grupo também iniciou um abaixo-assinado exigindo que a instituição, as demais universidades do país e o governo brasileiro rompam relações com o Estado de Israel.

A iniciativa do acampamento partiu de 40 organizações estudantis, que integram o Comitê de Estudantes em Solidariedade ao Povo Palestino (ESPP).

A ação na USP reproduz um movimento iniciado nos Estados Unidos, onde mais de 2.000 manifestantes já foram presos durante protestos pró-Palestina. As manifestações também foram registradas na Grã Bretanha, França, Espanha, Irlanda, Alemanha, Holanda, Austrália, Japão, México, entre outros países.

Para a Federação Israelita de São Paulo, essas manifestações se tornaram palcos de propagação de discursos de ódio contra judeus.

Processo acusa Israel de atos genocidas em Gaza

“A ação da USP reproduz no Brasil um movimento iniciado em algumas das mais importantes universidades dos Estados Unidos. No país norte-americano, as manifestações no campus acabaram se desconectando do viés pacífico de um discurso a favor de um cessar fogo no Oriente médio para se tornar palco de atos de violência e propagação de discursos de ódio contra judeus – além de pregar a exaltação ao grupo terrorista Hamas – sob a justificativa da defesa do povo palestino.”

O que diz o governo brasileiro

Cerca de 150 manifestantes estão acampados, nesta quarta-feira (8), no pátio da faculdade de História e Geografia na Universidade de São Paulo (USP), para fazer um ato em solidariedade ao povo palestino. A ação se assemelha ao que ocorre em diversas universidades nos Estados Unidos, onde os estudantes também protestam contra o genocídio em Gaza.

No Brasil, além de pedir cessar-fogo imediato, o movimento apela para o fim das parcerias acadêmicas entre a USP e universidades israelenses, conforme explicou a coordenadora da rede Samidoun de solidariedade aos prisioneiros palestinos, Rawa Alsagheer.

“Nosso primeiro objetivo é romper as relações acadêmicas entre USP e a Universidade de Haifa, a Universidade de Telaviv e mais uma universidade israelense. Isso porque a USP tem vários acordos científicos com as universidades israelenses e as tecnologias desenvolvidas estão sendo experimentadas no povo palestino, massacrando esse povo. Além disso é um dinheiro sujo de sangue”, disse Rawa Alsagheer.

O coletivo Vozes Judaicas por Libertação realizou uma oficina, na manhã de hoje, no local. Eles buscam desvincular os judeus do sionismo e alegam ser possível condenar o ataque do Hamas, do último dia 7 de setembro, assim como condenam os crimes de guerra promovidos pelo regime de Israel. Eles alegam que os palestinos, como um povo colonizado, têm direito de resistir para obter a autodeterminação.

Procurada para comentar a respeito do acampamento e das reivindicações, a USP não retornou até o fechamento.

As manifestações vêm em meio ao início de uma operação militar israelense em Rafah, no sul da Faixa de Gaza onde estão cerca de 1,5 milhões de refugiados palestinos.

O governo brasileiro, por meio do Itamaraty, condenou a ação das forças armadas de Israel em Rafah, alegando que essa ação mostra um descaso pela observância aos princípios básicos dos direitos humanos e humanitário. Um dos pedidos do Brasil é que todas as partes busquem o diálogo rumo ao cessar fogo e libertação dos reféns.

No entanto, o governo Israelense, por meio do seu primeiro-ministro Benjamin Netanyahu emitiu uma declaração oficial em que alega que a operação militar em Rafah tem como objetivo eliminar o Hamas e resgatar os reféns israelenses. Diz ainda a nota que a tentativa de uma proposta de cessar-fogo intermediada pelo Egito e aceita pelo Hamas teve somente o objetivo de impedir a entrada das forças israelenses em Rafah.


Publicado em 08/05/2024 20h27

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